Sunday, September 23, 2018

Sobre a dor

Sobre a dor
Estou há dias pensando na dor do outro. Quantos no caminho pedindo consolo, uma palavra, um ouvido, um abraço. Falo daquela dor escondida, aquela que esta por traz do sorriso forçado; da fala endireitada; da maquiagem reluzente. É a dor que está no vizinho, no amigo, no parente, mas também afeta o desconhecido do ponto de “ônibus; o moço da padaria; a menina na janela. Nessa reflexão sobre a dor, lembrei de algo que escrevi um dia desses, sobre alguém. Mas aqui ele não precisa ter nome, porque a dor não tem nome, nem endereço, nem avisa a hora que vai chegar. Entra sem bater! Mas há uma certeza, quando ela termina, é porque acabou. É mesmo o fim, e ali um novo ponto de partida. Você vence, e alcança mais um degrau no ciclo da vida. Coragem, acolha a sua dor, ela logo vai passar.

A dor do outro (21-07-2018)
Ela apareceu discretamente nas palavras corriqueiras, escondidas em perguntas onde ela mesmo respondia. Por um instante achei que eu transitaria por aquela casa sem abrir a porta dos fundos. Passei pela sala, pela cozinha, mas foi só no quartinho dos fundos que senti a dor do outro. Conformado, apaziguado, lutando, o outro estava assim. O quarto estava escuro, mas a luz de um abajur fraquinho foi acesa, e consegui enxergar um pouco mais aquele cômodo. Muitas memórias ainda por ali, tudo muito doído, muito recente, e a inda não era hora de abrir as janelas para o sol entrar. Deixa o abajur, deixa ele por lá! Aos poucos nova luz vai penetrar, a dor vai se curar e um novo cômodo vai renascer. A dor do outro precisa ser respeitada, acolhida, pois ela já foi minha e quem sabe a sua também.

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