Saturday, July 21, 2018

No bau da minha avó

Foram muitos anos ouvindo histórias contadas e recontadas. Você já deve ter ouvido que quem conta um conto, aumenta um ponto. Vovó era assim.
Contava em detalhes as histórias da infância, os anos no convento, o namoro o casamento, a vida difícil no Rio de Janeiro, no tempo do bonde da praça Onze. Linda cheia de histórias, lágrimas e sorrisos.
Nem vou falar das gostosuras de toda avó. A minha nao era diferente.
Quase posso sentir o cheiro da sua cozinha.
Mas faz tempo que ela partiu, não sem antes me olhar profundamente, me deixar uma bolsa de crochê e um baú fechado.
Dor, saudades, alívio. Certeza da vida após a morte.
O tempo passou, perdi as toalhas, mas reencontrei o baú. Uma caixinha cheia de histórias. Cartas sobre cartas, entre ela e a mãe, entre ela e o namorado, entre ela e ela mesmo. Me perdi naquelas memórias, chorei, sorri, fiz como ela fazia, contava e recontava.
Não sei onde as guardei, mas carrego comigo a memória daquele baú de cartas para que eu possa sempre reler no pensamento e no coração.
Sem esquecer que ela dizia: _ Filha, palavras da boca o vento leva, mas o que se escreve se faz eterno.

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