Sunday, June 25, 2006

O lado negro...

Se tem uma coisa que me entristece por aqui, é quando converso com os trabalhadores, geralmente SriLanka, Paquistanes, Filipinos e Etiopes, e claro indianos. Estou falando daquela classe que ganha muito pouquinho mesmo. É o pessoal que varre rua, recolhe lixo, domesticas, jardineiros, piãozada! Longe da família, passam praticamente a vida toda trabalhando, para mandar dinheiro que nao é suficiente, e sustentar os seus.

O povo vem para cá com um contrato de trabalho de dois anos, e só no final deste é que volta para casa. Só para se ter uma idéia, a empregada aqui de casa, na verdade ela vem aqui só uma vez na semana. Eu a contrato de uma agência e pago por 3horas de trabalho 60 dihrams. Ela é filipina, e deixou o marido e dois filhos e esta aqui juntando o que pode, para no fim do mês enviar o dinheiro. Papo vai, papo vem, perguntei quanto ela ganha._ 800 dihrams madame!
Trabalha de 8h as 20h com um dia de folga. Divide um quarto com mais 12 meninas e não tem hora de almoço. Come qualquer coisa dentro da van que faz o transporte para agência e recebe 35 dihrams por mês para ajudar na alimentação. Um quarto pequeno, condições insalubres, e ainda tem um patrão gritão.

Hoje estava na piscina com Miguel e mais uma vez lá vem o simpático salva-vidas que todas as vezes vem me falar da família. Ele chega repetindo a pergunta já feita e refeita. Qual o nome do meu filho, a idade dele e se ja está andando. Ai pega um album de fotos, ja amassado e gasto pela quantidade de vezes que ele deve folhar. Mostra e remostra a família deixada no SiLanka e me diz: _This is my heart, mam. Meu coração fica partido. E ele completa a frase dizendo que ainda faltam 18 meses para ele pegar o filho no colo. E fazer o que se nós precisamos de dinheiro.

Esses são só dois dos casos, talvez não tão ruins, porque não estão de sol a sol nas construções, como é o caso da maioria deles. Mas provavelmente todos tem a mesma história para contar. A família há horas de distancia e na contagem regressiva para voltar a casa. E mesmo com todo o esforço e sacrifício, eles precisarão estar de volta a Dubai em busca de novos contratos, disputando mais uma vaga de trabalho insalubre. _Afinal do que adianta estar perto da minha família e deixá-los passar fome, conclui o trabalhador.

Este é o outro lado da rica Dubai.

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